“Poema narrativo extenso. Pertence ao denominado género épico, no qual predomina o carácter narrativo diferenciado desde a poética grega, por oposição à lírica e ao drama. A epopeia recolhe o material lendário ou histórico pertencente originariamente à tradição. Trata-se de um tipo de composição concebida a princípio para ser cantada, motivo pelo qual muitas das suas características formais se adaptam aos requisitos da declamação. A epopeia possui habitualmente um fundamento histórico, mas não reproduz os acontecimentos com fidelidade, antes os deforma apresentando-os como actos exemplares que funcionam como modelos de comportamento; o tema costuma versar os feitos e proezas dos heróis do passado. A epopeia está presente em todas as culturas (...). Os primeiros grandes modelos ocidentais são os poemas homéricos a Ilíada e a Odisseia, que têm a sua origem nas lendas sobre a guerra de Tróia. Virgílio imitou, na Eneida, os poemas homéricos. Com ele, o género épico perde o seu sentido tradicional, pois a épica virgiliana é de carácter culto e literário. Na Europa medieval assiste-se a um novo ressurgir da épica da tradição azal.(...) A epopeia tradicional foi sendo substituída por outras formas cultas de autor conhecido; os livros de cavalaria, com os quais se inicia a forma romanesca, herdaram muitas características da épica; durante o Renascimento, a literatura italiana, que não possui tradição épica medieval, deu origem à narrativa épico-romanesca (...). A epopeia foi adquirindo as características do romance de acordo com os gostos cultos de um público palaciano.(...) A epopeia entrou em decadência a partir do séc. XVIII, acabando por ser substituída pelo romance no séc. XIX.”

(http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/antonio_gedeao/epopeia.html)